Conto – A mosca – Capítulo III

Comece do início; Capítulo I

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III

Com o carro passeou alucinadamente pela cidade terminando por atravessar a porta de uma produtora de filme pornô.  Empurra o Airbag pro lado e abrindo a porta deixa alguns de seus documentos cair no assoalho do carro. Alguns curiosos da rua e do estabelecimento se aproximam de curiosidade. Sua mulher é uma delas, e este é o estúdio do seu amante. Ele sai do carro desorientado e corre pro outro lado da rua, algo produziu uma faísca que caiu na pousa de gasolina que vazou do tanque do carro fazendo-o explodir e destruindo por completo o estúdio. “Eu nunca pude ter alguém que amo, então aprendi a amar quem tinha, mas acontece que não amo.”, ele pensava.

Um motoqueiro acaba caindo com a explosão deixando sua moto a deriva e a disposição de Ruan que aproveita e foge do local. Em minutos a rua se transforma em um pandemônio; pessoas, oficiais, atores nus e queimados pela rua além de repórteres e um gigantesco congestionamento. Do outro lado da cidade Ruan chega ao seu local de trabalho e como outro dia comum entra na fabrica normalmente. Não havia ninguém ali que não o conhecesse. Sua testa sangrava e o osso de um dos seus dedos teimava em aparecer.

Como operador de maquina na fabrica conhecia todas elas, e com apenas um toque foi capaz de jogar um braço mecânico contra uma pilastra de ferro a qual cedendo trouxe consigo toda a estrutura da cobertura da fabrica. Não satisfeito subiu até o escritório do chefe que com um soco no rosto ficou estático. “Não pude ser o que quis, então aprendi a ser aquilo que não sou, mas realmente nunca fui.”, assegurava aquilo.

Sua moto passava pela ponte interurbana e o reflexo do sol a se por no horizonte cintilou em seu olho. Em um instante estava de pé na borda contemplando o mar. No lanço de proteção da ponte assentava suas mãos e sobre elas uma mosca. Não poderia existir outra companheira melhor, para ouvi-lo naquele momento.

— Não sente vontade de voar através deste mar e nunca voltar? — A mosca limpou as patas e continuou la. — Para mim o mar é como um sonho. O sonho. Já pensou que tudo o que fazemos, independentemente do que seja, par ao bem ou para o mal, ele não sente nada? Nem mesmo se eu fizesse parte dele agora, ele não notaria a minha presença. Sabe, Quando você não tem o que precisa, acaba precisando ser aquilo que te impede de sonhar, e destruí-lo, pois só assim será. Responda-me, como mosca também é assim? È como ter um braço paralisado, você sabe o que tem que fazer, mas também sabe o quanto, não importa o que se faça, ele sempre será o especial, a quem se deva atenção. E mesmo negando esse fato, toda noite ele te lembrará do contrario. E com a opção de arranca-lo fora e acabar com isso, vive com medo de receber toda a atenção, pois você será o defeituoso. — A mosca voa livre com seus valores. —  E o pior é ser consciente disso tudo e nada fazer.

Ruan fecha os olhos e chora.


— Marcos G Plymouth

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